24 novembro 2011

A vida



Nossa vida é sempre a mesma,
sai um dia, entra outro dia.
A sorte parece lesma,
quem então nela confia?
Se ela bate em tua porta,
prometendo-te alegria,
você diz: Inês é morta, 
minha casa está vazia.

15 novembro 2011

Um conto surreal



Domingo, Salvador sai da tela, depois de tê-la pintado. Traz consigo sua inseparável musa e esposa. Sua mulher não está calçada e ambos caminham pela calçada. Ele dirige-se à praça, onde entra no banco para sacar algum dinheiro. Ele gosta de tênis, mas hoje está usando sapatos. Como não havia levado raquete, não conseguiu sacar nada. Sai do banco e senta-se no banco da praça, onde há uma cesta com seis mangas. Ele conta as mangas e pega a sexta, que corta em quatro pedaços. O quarto tem uma casa e um botão. Ele pega o botão e espera que ele abra. O botão torna-se uma rosa, que não é cor de rosa. Ele enfia a rosa branca em um dos buracos de uma ferradura, onde normalmente se colocaria um cravo. Ele vai até o pé de rosa e pendura nele a ferradura.
Em seguida, Salvador sai dali a caminho de casa, acompanhado de sua esposa, que está em trajes de gala.


Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech morreu na cidade de Figueres, Catalunha, em 23 de janeiro de 1989, de pneumonia e parada cardíaca. Foi, segundo ele mesmo dizia, um dos mais importantes artistas plásticos (pintor e escultor) surrealistas do mundo. Em 1934, casou-se com uma imigrante russa chamada Elena Ivanovna Diakonova, conhecida como Gala. E nasceu em 11 de maio de 1904, na mesma cidade onde morreu.